Estou construindo um muro.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011 Postado por Lucas Guerinni
Estou construindo um muro. Demorei muito para tomar essa atitude e por várias vezes me deixei levar por uma esperança vã e insegura. Mas há aproximadamente sete meses eu decidi dar um rumo novo à minha vida e, como se isso fosse suficiente, comecei a construir um muro. A questão é que no começo eu estava muito fraco. Alimentava-me desses restos de letras e de músicas que estavam espalhados pelo chão, porque eu não tinha mais nada. Terminei 2O1O com um sentimento horrível de derrota, como se aquele muro nunca pudesse ser construído e como se eu não fosse capaz de tomar uma iniciativa definitiva, afinal, eu sempre me entregava ao cansaço. Comecei o ano ainda derrotado, como se aquela vida que eu tentava bloquear fosse uma droga, e drogas viciam… - peço perdão pela comparação - Viciam tanto que eu não conseguia me desvencilhar. Porém, em algum lugar, eu encontrei um cimento aparentemente bom para que eu começasse a batalha. Digo aparentemente porque, na essência, esse cimento - refúgio - não é eterno, muito menos inteiramente benéfico. Eu fiquei louco.Para ser mais objetivo, o nome desse cimento-refúgio era Uberlândia. Entrei dentro dos meus livros, das minhas provas, quando percebia que estava fraco demais, eu estudava, estudava, estudava. Enfim, eu comecei a tratar esse cimento com carinho, erguendo meu muro, acreditando que ele era forte e que bloquearia qualquer vento, qualquer música ou letra que por ventura viesse tentar atravessá-lo. Mas eu entrei por completo, me entreguei por inteiro, sem querer voltar, com a cabeça no vestibular, acordando cedo para estudar, com deslizes, faltas e as vezes sem a miníma vontade de estudar, mas mesmo assim, continuei. Bloqueando, bloqueando.Mas vieram me alertar. E eu percebi que aquele cimento era bom, mas só isso. Não era eterno, não era suficiente. E na metade do mês de junho, o muro desmoronou. Existia um laço. Foi nesse fim de curso, começo de férias, que eu descobri algo que era tão óbvio e que eu ainda não havia parado para reparar: eu não consigo construir esse muro sozinho. Simplesmente não consigo. É uma droga, um viciado precisa assumir que é derrotado, que é inferior. E eu fiz o mesmo. Sempre reconheci muito a importância e sempre valorizei as pessoas que fazem parte da minha vida. Mas elas se tornaram essenciais. Desde a minha família até os desconhecidos. Hoje, mesmo que imperceptivelmente, essas pessoas colocam tijolos, tampam buracos, me acolhem quando eu caio ou me proíbem quando eu sinto vontade de pular o muro. E eu serei eternamente grato a cada uma delas. Algumas chegaram a ocupar o espaço que essa outra vida ocupou e também conseguiram estendê-lo. E eu as amo… E eu aindo o amo.Logo, fica óbvio que continuarei, constantemente, lutando contra as minhas recaídas, contra os meus devaneios, contra as minhas saudades e contra as minhas lágrimas. Talvez, algum tempo depois de terminar o muro, eu volte para pintá-lo com cores coloridas, com um sorriso estampado no rosto e com um sentimento de vitória.Mas por enquanto eu ainda estou construindo, estou lutando para conseguir me erguer junto dele. O meu remédio é o tempo, e a minha esperança são as pessoas que, TODOS OS DIAS, recolhem as letras soltas pelo chão próximo ao muro e escrevem palavras novas na minha vida.

04:52 05/08/2011

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